quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

"Mortos No Salão"


Eles giram, pensam viver,
Não vão longe, perto, agora.
Se se tocam, sonham, lepra.
Se se beijam, boca, orgasmo.
Marasmo de corpos que baldeiam
Pela pista iluminada, encanto, espaço...

Vão para perto, revólver, tiro
Gritos e multidão tingindo de vermelho
Esse verão – se estatelam, mortos no salão,
Longe da vida e de suas virtudes...

Eles exploram latitudes, pés pisados,
Sangue pisado, desespero, odisséia,
Casal, sepulcro, tudo por diversão,
Dinheiro, fadiga, orgasmo nos olhos da assistência
A regozijar o ocorrido, cidade, todo mundo...

Vão pra terra, sino, cemitério,
Histeria e pranto dos outros
Tingindo de glórias a morte,
A estação que não muda mais,
Longe da vida, frio de mármore...

Estavam mortos no salão.
_Não estão mais:
rabecão.



Do livro “57 Poemas Brasileiros”, 1997.

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